Somos criadas para sermos recatadas e aceitar, sem queixas, o que nos dão. Nós todas aprendemos que as meninas são feitas de açúcar, melado e tudo que é delicado. Assim, tentamos com todas as forças não demonstrar raiva, ou mesmo senti-la em nós mesmas. Quando nos revoltamos e demonstramos descontentamento, aprendemos que somos más e gananciosas. Quer percebamos ou não, ensinam-nos a aceitar uma cidadania de segunda classe. O status secundário completa-se quando nossa raiva nos é negada. A raiva é um meio que as pessoas têm de contestar as injustiças, em qualquer nível - seja a raiva da criança como reação a um pai punidor, seja a raiva coletiva de mulheres que brigam para terem suas creches reformadas.
Mas existem poucos modelos a serem seguidos, de mulheres que se sentem no direito de sentir raiva. Na verdade, acho que a maioria de nós fica bastante atemorizada diante de uma mulher irada - cena bastante incomum. A raiva, enquanto emoção legítima para muitas mulheres, não tem validade cultural. As meninas são encorajadas a chorar se não obtêm o que querem, em vez de protestar com raiva; "Calma, calma, querida". Na peça de Edward Albee, Quem Tem Medo de Virginia Woolf, Martha, a esposa irada que protesta contra a vida de casada, é retratada como prostituta e megera. Grande parte da cultura popular dá mostras do valor negativo colocado na raiva feminina. Portanto, não é surpresa alguma descobrir que para muitas mulheres a motivação inconsciente que está por trás do fato de engordar é a fuga da raiva. Neste caso, o significado simbólico da gordura é um "dane-se".
Por trás da repressão da raiva encontra-se uma das questões atuais mais importantes para as mulheres. Engordar para manifestar raiva, para poder dizer "dane-se", é somente parte de um problema mais amplo. Manifestar raiva é um ato de afirmação. A afirmação para as mulheres é difícil.
... comem seus sentimentos desagradáveis em vez de voltar-se para a difícil questão da afirmação. Sentem-se mais seguras usando suas bocas para alimentar-se do que para falar e se afirmar. Pensam que a gordura está falando por elas, embora o sofrimento impeça que as palavras saiam.
Gordura é uma questão feminista de Susie Orbach
3 comentários:
Nossa, esse post é tudo, me vi nele. rsrs
Sabe minha terapeuta sempre diz para colocar toda a raiva que tá guardadinha para fora... e o engraçado é que não consigo, sei que ela tá lá dentro... um dia eu vou conseguir dizer CHEGAAAAAA!
O curso de Psico tá bem legal, o início é mais cansativo pq. muitas teorias, agora quando chegar na prática será o momento, aí promete...rsrsrs
E lá na Meta, tô firme...aos pouquinhos estou chegando lá.
Tava sentindo sua falta.
Beijos e aproveite o domingão.
Olá, diva!Passando pra conhecer seu blog, vi que temos algumas amigas blogueiras em comum e resolvi vir aqui.Sabe que eu nunca tinha pensado por esse lado que o processo de obesidade pode ser causado por causa da raiva, sempre vi como um processo ligado a ansiedade.Mas é verdade as mulheres sempre foram criadas para se portarem com muita classe, serem polidas e tal...
Gostei muito do seu blog, qdo puder me visite!
Um ótimo domingo!
Beijosss
Hummm nunca tinha pensado por esse ângulo! Será?? Melhor observar, pois faz sentido. Bjs.....
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