domingo, 18 de dezembro de 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Sexagenária
Queridos,
De
forma despretensiosa, inscrevi um texto no concurso Premios Longevidade Bradesco
Histórias de Vida.
Estou
chegando de São Paulo, onde fui participar da
premiação.
Mandaram
um motorista me buscar e me trazer e fiquei num super-hotel nos Jardins,
acompanhada de meu príncipe consorte rsrsrssr.
Entre
quase 200 concorrentes, conquistei o 3o lugar, com direito a troféu e
diploma.
Mas,
sinto como se tivesse recebido o Oscar, pois os primeiros colocados foram
jovens que trabalharam por alguns anos para escrever histórias que mereciam ser
contadas.
Meu
texto foi o único produzido pela própria
protagonista.
O
tema central era o realcionamento
inter-geracional.
Quase
caí da cadeira quando Nicete Bruno, jurada especial me perguntou: "Você é a
Regina? Queria muito conhecê-la. Adorei seu
texto!!"
Tive,
ainda, o privilégio de ser fotografada ao lado da convidada especial, Shirley
MacLaine.
É
muita emoção, que gostaria de compartilhar com
vocês.
Beijos
Regina
DE
REPENTE 60 (ou 2x30)
Ao
completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30”, em que a adolescente,
em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e
se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse
intervalo.
Meu
sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.
Pergunto
a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?
Ainda
sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha
desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua
que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja,
vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco!Ainda sou aquela mãe
aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta
anos.
Acho
que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso
espaço!
Passei
batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela
sobrevivência.
Os
quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria
na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.
Os
cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo
posto de trabalho.
Agora,
aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e
onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as
manhãs.
Tive
o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas
as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling
Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo
da ditadura militar às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um
novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação
sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos
cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames
históricos).
Nasci
no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu
comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões,vi a
chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras
modernas.
Passei
por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador
e da internet. Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e
dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as
aventuras do viver.
Não
me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos,
faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento
e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de
cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei
conhecer.
Por
dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar
trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de
pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se
beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que
ensinado.
Só
agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos)
e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe
(privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os
setenta anos).
Há
marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também
cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz
recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca
minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente
curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre
agradáveis e que não tenho tempo a perder.
A
capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que
aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no
fogo.
Aliás,
a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro
determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de
esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e
nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se
foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...
Mas,
do que é que eu estava falando mesmo?
Ah,
sim, dos meus sessenta.
Claro
que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm
essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras),
atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos
reservados do metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade
Pós-Menopausa”.
Certamente
o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado
que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher
muito sex...agenária!
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Determinação e persistência levaram-na ao sucesso!
Prêmio Nobel da Medicina - Rita Levi Montalcini.
Dra. Rita Levi, que tem 96 anos recebeu o Prêmio Nobel de Medicina há 19 anos, quando tinha 77 !!!
Rita Levi Montalcini, nasceu em Turín, Itália, em 1909, e obteve o título de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.
Eis uma entrevista com a médica
Rita Levi Montalcini, nasceu em Turín, Itália, em 1909, e obteve o título de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.
Eis uma entrevista com a médica
- Como vai celebrar seus 100 anos?
- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações.
No que eu estou interessada e gosto é no que faço a cada dia.!
- E o que você faz?
- Trabalho para dar uma bolsa de estudos às meninas africanas para que estudem e prosperem ... elas e seus países. E continuo investigando, continuo pensando.
- Não vai se aposentar?
- Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros!
Muita gente se aposenta e se abandona... E isso mata seu cérebro. E adoece.
- E como está seu cérebro?
- Igual quando tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.
- Mas terá algum limite genético ?
- Não. Meu cérebro vai ter um século, mas não conhece a senilidade.
O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
- Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!
- Ajude-me a fazê-lo.
- Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faca-o trabalhar e ele nunca se degenerará.
- E viverei mais anos?
- Viverá melhor os anos que viver, é isso o interessante. A chave é manter
curiosidades, empenho, ter paixões....
- A sua foi a investigação científica...
- Sim, e segue sendo.
- Descobriu como crescem e se renovam as células do sistema nervoso...
- Sim, em 1942: dei o nome de Nerve Growth Factor (NGF, fator do crescimento nervoso), e durante quase meio século houve dúvidas até que foi reconhecida sua validade e, em 1986, me deram o prêmio por isso.
- Como foi que uma garota italiana dos anos vinte converteu-se em neurocientista?
- Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe... E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.
- Seu pai ficou magoado?
- Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me feia, tonta e pouca coisa...
Meus irmãos maiores eram muito brilhantes e eu me sentia tão inferior...
- Vejo que isso foi um estímulo...
- Meu estímulo foi também o exemplo do médico Albert Schweitzer, que estava na África para ajudar a curar a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, esse é meu grande sonho.
- E você o tem realizado... com a sua ciência.
- E, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão à mulher nos países islâmicos, por exemplo, além de outras coisas...
- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
- A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.
- Existem diferenças entre os cérebros do homem e da mulher?
- Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas, quanto às funções cognitivas, não há diferença alguma.
- Por que ainda existem poucas cientistas?
- Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos a homens, realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.
- É verdade?
- A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra. Hoje, felizmente, há mais mulheres que homens na investigação científica: as herdeiras de Hipatia!
- A sábia Alexandrina do século IV...
- Por que existe uma alta porcentagem de judeus entre cientistas e intelectuais?
- A exclusão estimula entre os judeus os trabalhos intelectivos e intelectuais: podem proibir tudo, mas não que pensem! E é verdade que há muitos judeus entre os prêmios Nobel...
- A ideologia é emoção, é sem razão?
- A razão é filha da imperfeição. Nos invertebrados tudo está programado:
são perfeitos. Nós, não. E, ao sermos imperfeitos, temos recorrido à razão, aos valores éticos: discernir entre o bem e o mal é o mais alto grau da evolução darwiniana!
- Você nunca se casou ou teve filhos?
- Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão fascinada pela sua beleza que decidi dedicar-lhe todo meu tempo, minha vida!
- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a demência senil?
- Curar... O que vamos lograr será frear, atrasar, minimizar todas essas enfermidades.
- Qual é hoje seu grande sonho?
- Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade cognitiva de nossos cérebros.
- Quando deixou de sentir-se feia?
- Ainda estou consciente de minhas limitações!
- O que tem sido o melhor da sua vida?
- Ajudar aos demais.
- O que você faria hoje se tivesse 20 anos?
- Mas eu estou fazendo!!!!
Nota: Rita Levi-Montalcini; é desde 2001 senadora vitalícia da República Italiana, nomeada diretamente pelo presidente Carlo Azeglio Ciampi.
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8. Faça alguma coisa por você todos os dias. Talvez a cada manhã ou noite. |
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